Na década de 80, ainda
vivíamos o final do regime da ditadura no Brasil.
Éramos perseguidos,
ameaçado, aprisionados e torturados.
Lembro-me de um episódio
que marcou muito a minha adolescência revolucionária, nesta época eu militava
numa corrente trotskista e participava do grupo de banco do Itaú.
Numa das minhas idas ao
sindicato, senti um clima meio pesado, estávamos em plena campanha salarial,
desenvolvíamos várias ações com o objetivo de mobilizar a categoria bancária.
Naquela tarde, percorri
os corredores do sindicato, falei com vários dirigentes.
Peguei muitas
informações e me preparei para as ações que aconteceriam naquela mesma noite.
Retornei ao trabalho.
Não passou meia hora,
chegou a notícia. A Polícia Federal, comandada por Murilo Macedo, havia
invadido o prédio e prendido todas as pessoas que estavam lá dentro.
Respirei fundo e como um
alucinado, tentei contatar as pessoas para obter informações sobre o sequestro
cometido pela repressão.
Foram dois anos de intervenção.
Meses de resistência,
rodando e distribuindo a Folha Bancária, organizando paralisações,
realizando reuniões clandestinas.
Estes e outros fatos
moldam a minha militância.
São fatos como estes que
nos tornam solidários e fraternos.
Aquela luta nos deu a
vitória, nossos companheiros e companheiras foram soltos e recebidos como
heróis, a campanha eleitoral foi exitosa. O sindicato se fortaleceu e a nossa
categoria cresceu vertiginosamente.
Os nossos direitos nos eram arrancados pela força e pela
violência, mas, com tudo isso, aprendemos a valorizar a democracia e hoje
podemos dizer com toda a tranquilidade: nós não temos medo das urnas, pois
aprendemos que numa democracia o poder do voto é muito mais poderoso do que o poder de qualquer arma de fogo.
Para nós que enfrentamos
a ditadura e as armas da repressão, não há nenhuma razão para temermos as
urnas, pois o voto é um instrumento muito mais eficaz que as canhões
da ditadura, pois através do voto damos a oportunidade para que as pessoas
escolham os seus representantes democraticamente, O voto faz com que prevaleça
à força das ideias e não a ideia da força.
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